terça-feira, 29 de julho de 2014

Reza a teu Pai que está oculto





             Jesus deixou este conselho: “Entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai que está oculto” (Mt 6,6). O Mestre divino ensina a importância de um total recolhimento para que se possa entrar em real contato com Deus. Apenas deste modo, de fato, se torna possível a ação santificadora do Espírito Santo. Este então comunica os cinco sentidos espirituais, análogos aos cinco sentidos materiais. Quem explicou esta verdade magnificamente foi Santo Agostinho: “Que amo eu em Ti, Deus meu, quanto te amo? Uma luz, uma voz, um perfume, um manjar, um abraço: isto não o sinto senão dentro de mim. Minha alma vê resplandecer uma luz que não se acha no espaço; ouve um som que não se mede com o tempo; percebe um perfume que o vento não leva; degusta um manjar que a fome não consome; envolve-se num contato espiritual inefável. Isto é o que amo quando vos amo, Deus meu”. 
             Por esta espécie de sentidos espirituais funcionam dons divinos, quando a alma está concentrada numa prece contemplativa. A vista e o ouvido se referem ao dom do entendimento, pela qual a alma contempla a Deus e as coisas divinas e ouve a sua voz no íntimo do coração; os outros três sentidos espirituais se referem à sabedoria, com que degusta a Deus, sente-se o perfume de suas perfeições e tocamo-lo com uma a espécie de tato que une, abrasa. Tudo isto outra coisa não é senão a presença de Deus ou um amor experimentado que penetra o interior do cristão. 
            Nunca se deve esquecer que no dia de Pentecostes o Espírito Santo se manifestou em línguas de fogo que é símbolo do amor. Assim como o fogo natural destrói as coisas, o fogo de Deus consome tudo que impede a união com Ele. O fogo transforma os objetos em fogo, assim a alma sob a influência da dileção divina se transforma de tíbia em fervorosa, de árida em devota, de humana em divina, de terrena em celestial. Eleva-se e se transforma, se deifica, se acha em comunhão com o seu amado Senhor. Como o fogo purifica os metais quem está unido a Deus se vê purificado de todas as manchas, de todos os defeitos. 
            O cristão que segue a diretriz de Jesus de orar ao Pai que está oculto se coloca em condições de viver mais intensamente a sabedoria que faz discernir as verdades e apreciar as coisas espirituais, aperfeiçoando a caridade; o entendimento que leva a penetrar as verdades reveladas e aprimora a fé; a ciência que faz conhecer as coisas com relação a Deus, fim último de tudo e torna mais sedimentada a crença nas verdades reveladas; o conselho que alimenta a prudência no que tange a si próprio e aos outros; a fortaleza que robustece o batizado e facilita para as obras mais difíceis; a piedade que faz tudo referir a Deus e ilumina a virtude da religião; o temor reverencial de Deus que direciona o respeito para com a divina majestade do Todo-poderoso e faz o cristão fugir de tudo que O possa desagradar. Em consequência de tudo isto, o batizado passa a cultivar melhor e a colher sempre os frutos do Espírito Santo de que fala São Paulo na Carta aos Gálatas (Gl 5, 22-23). 
       Reveste-se então de caridade, de alegria, de paz, de paciência, de mansidão, de bondade, de fidelidade, de benignidade, de limpidez interior, de modéstia, de continência, que é o auto-domínio em todas as circunstâncias. Maravilhas envolvem a alma que sabe de fato se concentrar nas orações. Passa a perceber o que está no salmo: “Provai e vede quão suave é o Senhor” (Sl 23,9). 
         A oração é, realmente, o vaso sagrado em que se vão buscar as desejadas graças na fonte divina e se degustar no tempo um pouco da ventura da eternidade. Quanto mais profunda, porém, for a humildade, a atenção, o amor e quanto mais larga for a confiança no poder e misericórdia de Deus, tanto mais luzes se alcançará.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho






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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Jesus quer ressuscitar a nossa fé

Jesus quer ressuscitar a nossa fé

Meus irmãos, a falta de fé nos dias de hoje me impressiona. O próprio Jesus disse que, infelizmente, quando se aproximassem os tempos da vinda d'Ele a fé iria diminuir progressivamente. Claro que a fé não acabará sobre a face da Terra, mas diminuirá tanto que não se conseguirá mais experimentar e sentir a presença, o valor, e o poder dela sobre a terra. 

Com muita dor no coração, digo que tudo que a humanidade enfrenta, hoje, é devido à crise de fé. Mas não culpo apenas os governantes, as grandes potências e os líderes que têm decisões sobre as situações do mundo, porque, dentro do nosso pequeno mundo, dentro da nossa casa, da nossa família, onde quem manda somos nós, muitas vezes não temos agido com fé. 

E a consequência disso gera essa crise no mundo. Nós precisamos retomar a grande graça e dom que é a fé. Todos nós a temos, porque nos foi dado por Deus. O que nos falta é usá-la. Por não usarmos nossa fé, ela vai diminuindo em nós, a ponto de acabar ou não percebemos mais os seus efeitos. Hoje, é preciso que o Senhor ressuscite a nossa fé, que passa pela nossa decisão de tê-la. 

O Senhor quer levantar a nossa fé. Talvez tenhamos nos acostumado com as coisas e com os acontecimentos; talvez não creiamos mais. Aí está o pior, o desastre. A grande cura que o Senhor quer fazer é a cura da sua fé.


Fomos marcados por um conceito totalmente errado sobre a fé, como se ela fosse somente uma crença baseada na inteligência. Mas o primeiro passo de fé não é crer intelectualmente, mas sim confiar em Deus, naquilo que Ele é. Firmes na fé significa acreditar na vitória do Senhor em nós.

Talvez pensemos que a nossa posição seja defensiva, mas o Senhor nos ensina o contrário. Nossa atitude é de reação, de reagirmos firmes na fé. Essa é a vitória de Deus na nossa casa, na nossa família.

Não espere sentir uma grande fé, pois ela será sempre do tamanho de um grãozinho de mostarda. Precisamos pegá-la e aplicá-la. Qual o seu impossível? Uma doença? Uma deficiência física? Algum alcoólatra na família? O desemprego?

Nessa hora, as nossas emoções falam mais alto, surgem todos os tipos de preocupações, a insegurança toma conta de nós, a ansiedade nos envolve; enfim, tudo se transforma. Essa é a hora da fé e da confiança em Deus, que nunca nos abandona.

Seja o que for, Jesus se compadece de nós. Ele é o primeiro a estar junto de nós para derramar bênçãos sobre nossa vida. Aproximemo-nos de Jesus e, pela fé, apresentemos a Ele o nosso impossível. Temos de crer que Ele virá em nosso socorro. Creiamos que Ele fará o melhor acontecer.

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova